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Um aglomerado de galáxias pode ter fortemente abalado a teoria das cordas

Por Michelle Starr
Publicado na ScienceAlert

No coração de um aglomerado de galáxias a 200 milhões de anos-luz de distância, os astrônomos não conseguiram detectar partículas hipotéticas chamadas áxions.

Isso coloca novas barreiras nas hipóteses de como essas partículas funcionam – mas também tem implicações muito importantes para a teoria das cordas e o desenvolvimento de uma teoria de tudo que descreveria como o universo físico funciona.

“Até recentemente, eu não tinha ideia do quanto os astrônomos especialistas em raios X tinham de fato a oferecer quando se trata de teoria das cordas, mas eles podem desempenhar um papel importante”, disse o astrofísico Christopher Reynolds, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

Quando se trata de entender como o Universo funciona, desenvolvemos algumas estruturas muito boas. Uma é a relatividade geral, descrevendo como a física funciona no nível macro. Outra é a mecânica quântica, que descreve como as coisas se comportam no nível atômico e subatômico.

O grande problema é que os dois quadros famosos não se dão muito bem. A relatividade geral não pode ser reduzida ao nível quântico, e a mecânica quântica não pode ser ampliada. Houve muitas tentativas de fazer com elas dessem as mãos, desenvolvendo o que é chamado de Teoria de Tudo.

Um dos candidatos mais promissores para resolver as diferenças entre a relatividade geral e a mecânica quântica é algo chamado teoria das cordas, que envolve a substituição de partículas pontuais na física de partículas por minúsculas e vibrantes cordas unidimensionais.

Além disso, muitos modelos da teoria das cordas preveem a existência de áxions – partículas de massa ultra-baixa hipotetizadas pela primeira vez na década de 1970 para resolver uma questão de por que forças atômicas fortes seguem algo chamado simetria CP (Carga e Paridade), quando a maioria dos modelos diz que elas não necessitariam seguir. Como se viu, a teoria das cordas também prevê um grande número de partículas que se comportam como áxions, chamadas literalmente de “partículas semelhantes a áxions”.

Uma das propriedades das partículas semelhantes a áxions é que elas podem se converter em fótons quando passam através de um campo magnético; e, inversamente, os fótons podem converter-se em partículas semelhantes a áxions quando passam por um campo magnético. A probabilidade disso depende de uma série de fatores, incluindo a força do campo magnético, a distância percorrida e a massa da partícula.

É aqui que Reynolds e sua equipe entram. Eles estavam usando o Observatório de Raios-X Chandra para estudar o núcleo ativo de uma galáxia chamada NGC 1275 que fica a cerca de 237 milhões de anos-luz de distância, no coração de um aglomerado de galáxias chamado de aglomerado de Perseu.

Os oito dias de observação acabaram dizendo quase nada sobre o buraco negro. Mas eles perceberam que os dados poderiam ser usados ​​para procurar partículas semelhantes a áxions.

“A luz de raios X do NGC1275 precisa passar pelo gás quente do aglomerado de Perseu, e esse gás é magnetizado”, explicou Reynolds.

“O campo magnético é relativamente fraco (mais de 10.000 vezes mais fraco que o campo magnético na superfície da Terra), mas os fótons de raios-X precisam percorrer uma distância enorme através desse campo magnético. Isso significa que há uma ampla oportunidade para a conversão destes fotóns em partículas semelhantes a áxions (desde que as partículas semelhantes a áxions tenham massa suficientemente baixa).”

Como a probabilidade de conversão depende do comprimento de onda dos fótons de raios-X, as observações devem revelar uma distorção, pois alguns comprimentos de onda estão sendo convertidos com mais eficácia do que outros. A equipe levou cerca de um ano de trabalho meticuloso, mas no final, nenhuma distorção foi encontrada.

Isso significa que a equipe poderia descartar a existência de áxions na espectrometria de massa às quais suas observações eram sensíveis – até cerca de um milionésimo de bilionésimo de bilionésimo da massa de um elétron.

“Nossa pesquisa não descarta a existência dessas partículas, mas definitivamente não colabora com o caso da sua existência”, disse a astrônoma Helen Russell, da Universidade de Nottingham, no Reino Unido.

“Essas restrições investigam o leque de propriedades sugeridas pela teoria das cordas e podem ajudar os teóricos das cordas a repensar suas teorias”.

A pesquisa foi publicada no The Astrophysical Journal.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.