Por Joseph Stromberg
Publicado no Vox
Já foi bem estabelecido que o método das vacinas comumente usado para imunizar crianças é seguro, efetivo e previne potenciais doenças letais. Mas, por causa da persistência de desinformação sobre os riscos das vacinas – e o perigo causado pelos pais que escolhem não vacinar os seus filhos -, um grupo de pesquisadores decidiu conduzir uma revisão sistemática de todos os estudos controlados sobre vacinas na área científica.
A sua conclusão, de uma vez por todas: as vacinas são seguras e efetivas.
O que os pesquisadores encontraram?
Os pesquisadores, da corporação RAND, pesquisaram dados na literatura científica sobre estudos relacionados à vacina, somando 20.478 no total. Entre eles, estavam incluídos tanto estudos sobre vacinas em crianças – tal como as de tétano, hepatite A e B, gripe, meningite, rubéola, difteria, caxumba, sarampo, coqueluche – quanto sobre vacinas em adultos, tal como a da gripe.
A partir daí, eles se focaram em 166 estudos controlados – de padrão ouro na comunidade científica – com a finalidade de comparar diretamente os efeitos de estar sendo vacinado com os efeitos de sucumbir ao placebo ou de não se vacinar.
Descobriram, então, que as vacinas comumente propostas para adultos e crianças nos Estados Unidos são todas seguras e efetivas. Crucialmente, não há nenhuma relação entre vacinas infantis o autismo. Em outras palavras, crianças que não tomaram a vacina MMR (a qual tem sido clamada como a causadora do autismo) foram diagnosticadas com autismo nas mesmas taxas das crianças que tomaram a vacina.
Algumas das vacinas foram identificadas com efeitos colaterais leves, por exemplo, a vacina contra a gripe que pode provocar uma febre de curto prazo e dor no local da injeção. Algumas outras vacinas em particular foram identificadas por efeitos mais sérios, porém extremamente raros. A vacina MMR, por exemplo, pode causar ocasionais crises alérgicas (para crianças que são alérgicas, obviamente, a substâncias presentes na vacina) e convulsões febris (convulsões relativamente comuns provocadas por febres de alta temperatura). Mas as reações alérgicas podem ser geralmente identificadas com antecedência e serem devidamente controladas durante o processo de vacinação e as comuns crises de convulsão não são nada quando se compara ao risco posterior de não se vacinar contra doenças letais.
A pesquisa é clara: vacinas não são apenas seguras, mas necessárias para todas as crianças.
Mas nós já sabíamos de tudo isso
Essa certamente não é a primeira vez que pesquisadores olham rigorosamente para a literatura científica e chegam a essa conclusão.
Então por que estamos fazendo isso? Em grande parte, por causa da recente onda de ativistas antivacinação, que têm usado a pseudociência e a desinformação para alertar contra os “perigos” das vacinas. Isso teve como consequência surtos de coqueluche, caxumba e sarampo, pondo as crianças em risco por absolutamente razão alguma.
Mas, novamente, a pesquisa é definitiva: vacinas não causam autismo e os efeitos colaterais delas são claramente menores do que aqueles que seriam causados pelas doenças letais se o indivíduo não fosse vacinado.
Quem se opõe à vacinação?
Alguns grupos se opõem à vacinação – ou ao menos ao esquema atual de vacinação infantil – e se preocupam com a possibilidade das vacinas levarem à problemas de longo prazo, particularmente o autismo.
Jennu McCarthy, co-apresentador do The View, tornou-se bem conhecido no movimento de antivacinação depois que o seu filho foi diagnosticado com autismo. McCarthy, que lidera o Generation Rescute, clama sobre o aumento de diagnóstico do autismo coincidindo com uma campanha de vacinação mais agressiva para as crianças estadunidenses.
Em resposta, alguns acusam as reivindicações de McCarthy como uma simples falha de entendimento de correlação e causa. A atual pesquisa científica também não encontra nenhuma relação entre vacinas e autismo;
Os movimentos antivacinação não são novos: eles datam do século XIX, com o advento da vacina contra a varíola. Alguns clérigos cristãos diziam que a campanha violava os princípios religiosos porque usava partes de animais para desenvolver o produto. Já outros expressavam uma desconfiança persistente para a medicina. Ainda outros se opuseram porque diziam que o governo estava violando as liberdades pessoais.
A vacina contra a varíola nunca levou a tais resultados. Ao invés disso, a Organização Mundial de Saúde, em 1979, proclamou que a doença tinha sido erradicada em todo mundo, principalmente por causa da inoculação generalizada da vacina.