Publicado no Medium
Acabei de ler um relatório executivo do Google que ajuda a iluminar a dimensão do delírio do Escola Sem Partido. Segundo a gigante de tecnologia, que analisou o comportamento dos brasileiros, vejam quem são os agentes que estão influenciando a opinião das pessoas.
Abusando dos eufemismos, o Google diz que o YouTube é uma “plataforma de destino”. Ou seja, “as pessoas entram para ver o que cada canal postou e o público passa cada vez mais tempo assistindo aos vídeos”.
Mas deixemos de lado o eufemismo para sermos diretos: o YouTube é uma plataforma viciante. Digo isto, mesmo tendo um canal de Ciências Humanas. Defendo que professores e cientistas não podem deixar de participar das redes sociais, pois espaços vazios são ocupados por charlatões.
Fiz esse vídeo em 2016, por exemplo:
A “fórmula do sucesso” dos youtubers, ensina o Google, é construir uma relação emocional para que as pessoas evoluam da “admiração” para uma ilusão de “proximidade” e “identificação”. Veja como o relatório coloca no gráfico:
Nas palavras do relatório: “A ligação entre o público e o YouTuber é tão forte que as pessoas se sentem ainda mais envolvidas com as marcas que ele anuncia, ficando felizes pelo sucesso do seu Creator [youtuber] preferido e confiando no que ele recomenda.”
Neste relatório, de caráter publicitário, ações de marketing “autêntico” são celebradas. E menciona casos de sucesso, como naquela ocasião em que a Jout Jout (Adoro muito! Sou fã) leu o livro “A Parte que Falta”.
Mas minha leitura vai em outra direção, que não está explorada neste relatório, pois diz respeito ao problema mencionado no começo da thread. O próprio Google admite: “Os Youtubers são quase deuses no universo digital brasileiro”. Deuses que muitas vezes alimentam mitos. Taoquei?
As acusações que sugerem que professores estão influenciando os estudantes, portanto, não têm lastro na realidade. Youtubers, sustentados pelo modelo de negócio do Google, são MUITO mais influentes do que professores. Aqueles que disseminam essa paranoia têm as suas intenções.
Aqui está o relatório na íntegra.
E caso ainda não tenha lido, neste artigo explico que a narrativa de professores “doutrinando” jovens é uma armadilha produzida para fins comerciais e ideológicos.
Por essas e outras criei o curso Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire, para explicar os princípios do pensamento freireano em linguagem acessível a qualquer pessoa interessada em educação. Freire elaborou a crítica mais sofisticada sobre ideologias que se ocultam sob o disfarce da neutralidade.
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Estudar Paulo Freire nunca foi tão urgente!