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Seis palavras que são mal utilizadas na ciência, de acordo com cientistas

Por Joshua Filmer
Publicado no From Quarks to Quasars

Em ciência, muitas frases e palavras têm significados diferentes em relação ao significado popular. Alguns cientistas argumentam que os termos que são comumente incompreendidos deveriam ser substituídos, mas isso apenas prolongaria ainda mais o problema. Se “teoria” fosse substituída por alguma outra palavra, seria quase inevitável que a sua palavra “nova” também fosse usada indevidamente e assim sucessivamente. Em vez disso, é necessário uma melhor educação científica a fim de ajudar as pessoas a compreender os termos que os cientistas usam para definir a nossa realidade.

1. Teoria

Teoria é provavelmente um dos termos científicos mais deturpados pelo senso comum. A frase “isso é só uma teoria” é um ataque comum sobre as teorias científicas por pessoas que não entendem o termo. Quantas vezes você já ouviu os antievolucionistas usarem a frase “bem, a evolução é só uma teoria. Não é uma lei”. As teorias são um dos pontos mais altos da ciência e são amplamente aceitas na comunidade científica como sendo verdadeiras. A teoria não é uma ideia aleatória que os cientistas têm no calor do momento; elas são amplamente testadas sob as condições mais rigorosas da investigação científica. Considerando que uma determinada teoria não possa ser provada verdadeira, eles têm evidências que suportam a ideia original, demonstrado a sua “veracidade”.

2. Modelo

Modelo é também uma palavra problemática por várias razões. Em primeiro lugar, um modelo científico (na maioria dos contextos) é uma maneira de quantificar um evento natural particular para nos ajudar a compreendê-lo melhor. Eles variam um pouco no uso exato de sua definição em diferentes campos da ciência, mas a ideia básica é a mesma.

Os cientistas gastam uma tonelada de tempo comparando os modelos concorrentes uns aos outros, refinando seus modelos e, em geral, trabalhando para tornar o modelo o mais preciso possível. O consenso esmagador da mudança climática vem de nossos modelos climáticos. À medida que recolhemos mais dados e estudamos a forma como a biosfera funciona, tornamos capazes de refinar nossos modelos climáticos. Isso nos deu uma visão mais ampla para resolver alguns problemas fundamentais do quebra-cabeça climático e que nos levam a uma conclusão inquietante de que a atividade humana atual está tendo um impacto grave e desfavorável sobre o meio ambiente.

3. Ceticismo

“Seja cético. Porém, quando encontrar uma evidência, aceite-a.”

Essa citação de Michael Specter é perfeita para descrever o verdadeiro ceticismo. Na mídia, o termo cético é frequentemente aplicado para pessoas que aceitam a pseudociência, mas que são céticas com a ciência: “céticos da vacina”, “céticos do clima”, “céticos farmacêuticos”, e assim por diante. O termo dá a essas pessoas (e outros grupos similares) um pouco de credibilidade. Geralmente, essas pessoas estão ignorando evidências. Michael Mann, cientista climático da Universidade Estadual da Pensilvânia, resume melhor o problema: “Negar a ciência dominante com base em críticas frágeis e inválidas não é ceticismo. É negacionismo.”

Um verdadeiro cético está disposto a olhar para todas as evidências científicas disponíveis e está disposto a analisá-las sem viés. Quando a evidência diz alguma coisa, um cético pode aceitar o resultado diante delas… até que sejam apresentadas novas evidências.

4. Significativo

Essa causa um problema enorme! Muitas vezes esse termo é usado na frase “estatisticamente significativo”, e, às vezes, ele é aplicado indevidamente. Estatisticamente significativo é usado cotidianamente para descrever algo importante. “Houve um aumento estatisticamente significativo no autismo em crianças que receberam vacinas”, é uma frase que eu ouvi muitas vezes. Em primeiro lugar, em um ambiente científico, “significativo” não significa “importante”. Estatisticamente falando, algo que é “significativo” é simplesmente algo que é probabilisticamente improvável de ocorrer. Isso não necessariamente significa que há um resultado significativo. Se um experimento científico está sendo conduzido corretamente, então uma significância estatística pode relevar muito. Se o experimento está sendo conduzido de maneira falha, como é o caso de muitas pseudociências, então a significância não significa nada, porque todas as variáveis não foram controladas.

5. Natural

Natural é um termo que acabou se transformando em algo para definir saúde e vitalidade. “As empresas farmacêuticas são inimigas, elas promovem a dependência de drogas a custo dos remédios naturais que os nossos corpos precisam. Elas são imorais e estão impulsionadas pela ganância. Por que tomar drogas quando as ervas podem resolver? Por que usar produtos químicos quando solventes homeopáticos podem resolver? É a hora de retornarmos as alternativas médicas naturais.” Embora seja uma citação a partir de uma apresentação de Tim Minchin, ele resume o argumento usado para defender coisas “naturais”.

Em primeiro lugar, nem tudo que é “natural” é bom para você. “Natural” significa simplesmente que “existe na natureza”. O arsênico é natural e eu tenho certeza que ninguém irá querer tomá-lo como um remédio natural. Mesmo as coisas naturais que são boas para o seu organismo, elas só devem ser tomadas com moderação, incluindo o sal e a água (é difícil morrer de intoxicação por água, mas é possível). Mesmo utilizando a definição da pseudociência do que é “natural”, ou seja, medicinas alternativas, o natural ainda não é sempre uma coisa boa. As empresas publicitárias que promovem produtos naturais são conhecidas por cometer vários tipos de fraudes e quando as pessoas compram um remédio natural para sobrepor a medicina real, algumas complicações graves de saúde podem ocorrer.

6. Químico

Como estamos falando sobre remédios naturais, temos que mencionar também os produtos químicos. O movimento anti-flúor afirmou com base em um rótulo de flúor, ligando-o a um produto químico, que ele é ruim para adicionar à água, porque estaríamos ingerindo produtos químicos maléficos. Cientificamente falando, os produtos químicos estão em toda parte. Uma substância química é algo que é estudada em química; isso é praticamente qualquer coisa que é feita de átomos. Oxigênio, água, nitrogênio, tudo o que comemos, bebemos e interagimos é feito a partir de produtos químicos. Existem produtos químicos que são necessários para a vida existir e há produtos químicos que podem matar rapidamente seres humanos (e outros animais).

Conclusão

O problema da cultura predominante é o analfabetismo científico no sistema de ensino. Na América e em outras partes do mundo, os estudantes do ensino fundamental e médio não tiveram uma educação científica rigorosa. Esses termos são, então, mal interpretados e, como resultado, temos um punhado de pessoas que negam fatos científicos e veem com um olhar de desconfiança o processo científico. Portanto, lembre-se da verdadeira definição dessas palavras na próxima vez que ouvi-las.

Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira

Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira

Divulgador Científico há mais de 10 anos. Fundador do Universo Racionalista. Consultor em Segurança da Informação e Penetration Tester. Pós-Graduado em Computação Forense, Cybersecurity, Ethical Hacking e Full Stack Java Developer. Endereço do LinkedIn e do meu site pessoal.