É importante deixarmos claro que o historiador Yuval Noah Harari disse que todas as estatuetas das “Vênus” (apelido que demos a essas estátuas que remetem à imagem da mulher e da fertilidade) podem ser apenas pornografia pré-histórica.
É inegável que essa possibilidade exista, porém, o próprio Yuval Harari também diz que é inegável, pela quantidade de estatuetas como essas que encontramos, que isso possa ser uma espécie de culto pré-histórico. Arqueólogos e pesquisadores já encontraram dezenas de estatuetas em toda a Europa, com um padrão muito bem definido: grandes coxas, seios e vagina, e um rosto sem traços.
Veja algumas imagens sobre algumas Vênus encontradas por toda a Europa:
1. A Vênus de Dolni Vestonice é datada com mais de 30 mil anos e foi encontrada na República Tcheca e foi encontrada em julho de 1925.
2. A Vênus de Laussel foi encontrada na França e não é possível datá-la com precisão. Entretanto é consenso entre os arqueólogos que seja do período Paleolítico. Foi encontrada em 1909 na França.3. A Vênus de Savignano também não é datada com precisão. Alguns arqueólogos acreditam que seja do período Neolítico e outros do Paleolítico. Foi descoberta em 1925 na Itália.
4. A Vênus de Von Gagarino é um conjunto de estatuetas de Vénus feitas aproximadamente em 22.000 a.C. e encontradas em Tambour, na Ucrânia.
5. A mais famosa de todas, a Vênus de Willendorf é datada em torno de 30 mil anos e foi descoberta na Áustria, em 1908.
Existem muitas outras Vênus e muitas ainda estão sendo descobertas pela arqueologia nesse exato momento.
O apelido que demos a esse tipo de estatueta não dado sem motivos. “Vênus” é a deusa romana (equivalente à Afrodite, na mitologia grega) que representa o amor e a beleza. Por vezes essa deusa também é relacionada à fertilidade, afinal, há milhares de anos, a relação entre amor, beleza e fertilidade era muito próxima que os dias atuais.
Muitos pesquisadores acreditam que a figura da mulher representava algo muito além que os dias atuais. Acredita-se que por conta das relações sexuais acontecerem com tanta frequência, os pré-históricos não conseguiam relacionar que para gerar uma vida era necessário que o homem também participasse.
Era como se, magicamente, a mulher gerasse vida. E mais uma vida, para bandos pré-históricos com poucas dezenas de pessoas, era algo que faria toda a diferença para o grupo.
Esse culto à mãe aconteceu em todo o mundo. Não é, óbvio, um culto que tinha algum tipo de conexão ao redor do mundo. Cada região cultuava a Deusa-Mãe à sua própria maneira.
Mesmo depois do fim da Pré-História (com o desenvolvimento da escrita), o culto à Deusa-Mãe continuou acontecendo ao redor do mundo, como por exemplo:
Na Grécia, Eurínome foi a princípio o protótipo da deusa Mãe Criadora grega e a mais importante divindade dos pelasgos, o povo que ocupou a região da Grécia em tempos pré-históricos antes da invasão jônica e dórica.
Na Irlanda, a deusa irlandesa Anann, às vezes conhecida como Dana, tem um impacto como deusa mãe. A literatura irlandesa nomeia a última e mais favorecida geração de deuses como ‘o povo de Danu’.
Com os nórdicos, provavelmente foi adorada uma deusa na religião da Idade de Bronze, chamada por Jörð que mais tarde foi conhecida como Nerto na mitologia germânica, e que possivelmente persistiu no culto a Freya da mitologia nórdica.
No caso das religiões afro-brasileiras, Iemanjá, Oxum, Iansã e outras deusas mães compõem o panteão de Orixás, e cada uma delas responde por um aspecto da natureza, da vida das pessoas, etc. Existem muitas particularidades em cada uma delas, mas algumas em especial podem manipular o tempo, o espaço, os elementos etc. Tanto no Candomblé como na Umbanda as deusas mães possuem um papel primordial, e para muitos fiéis, vai além das divindades masculinas, pois são “adotados” e se tornam “filhos” delas.
Ainda há muitas discussões acerca desse tema. Por ser algo muito antigo e, principalmente, anterior à invenção da escrita, temos poucas respostas objetivas.
Entretanto é possível perceber um padrão. O culto à mulher, da mãe, da Deusa-Mãe, existiu ao redor do mundo inteiro. Em cada estatueta, em cada cultura, em cada parte do mundo, com suas próprias características, mas sempre remetendo à Deusa-Mãe. Em seguida, aprenda um pouco sobre Pré-História:
https://youtu.be/lnr2BwlEUjg
Referências
- PEREIRA, Joseane. Nova Vênus paleolítica é encontrada na França. Aventuras na História, 05 de dez. de 2019. Disponível em: <https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/nova-venus-paleolitica-e-encontrada-na-franca.phtml>. Acesso em: 9 de fev. de 2020.
- ZANCHETTA, Maria. As divindades femininas: No princípio, eram as deusas. Super Interessante, 31 de out. de 2016. Disponível em: <https://super.abril.com.br/cultura/as-divindades-femininas-no-principio-eram-as-deusas/>. Acesso em: 9 de fev. de 2020.
- VILELA, Soraia. Estatueta encontrada na Alemanha é indício de primeiro povo civilizado. DW Brasil, 14 de maio de 2009. Disponível em: <https://www.dw.com/pt-br/estatueta-encontrada-na-alemanha-é-indício-de-primeiro-povo-civilizado/a-4251158>. Acesso em: 9 de fev. de 2020.