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Ciência e Tecnologia sofre mais um golpe com o bloqueio de bolsas da CAPES

Publicado na Sociedade Brasileira de Física

Depois de anunciados o corte de 42% no orçamento de ciência e tecnologia e o corte de 30% no orçamento das universidades federais, foi realizado nessa terça-feira, 7 de maio, o bloqueio de bolsas de pós-graduação e pós-doutoramento da CAPES.

A Pós-Graduação é o início da carreira de todo cientista. Ela é parte fundamental de um ambiente saudável de pesquisa. Trabalhos científicos essenciais são desenvolvidos por pós-graduandos, alguns resultando até mesmo em prêmio Nobel, como o caso da canadense Donna Strickland, recipiente do Nobel em Física de 2018.

O número per capita de doutores é um indicador relevante do desenvolvimento de uma nação, considerado pela OECD (Organization for Economic Cooperation and Development). Em 2013, o Brasil registrava uma média de 7,6 doutores para cada 100 mil habitantes. Entre os 28 países membros ou parceiros da OCDE avaliados nesse ano, apenas dois possuíam resultado menor.

O número de doutores formados no país em 2018 foi de 21.393, com um crescimento de 3,8% comparado ao ano de 2017. Essa é a terceira menor taxa de crescimento desde 1997.

O bloqueio repentino e sem aviso da implementação de bolsas de pós-graduação e de pós-doutoramento da CAPES tomou de surpresa todas as instituições de pesquisa do país. O número de bolsas recolhidas é desconhecido e ainda não há muitas informações por parte da CAPES.

Vidas foram afetadas. Estudantes selecionados para receber bolsas em programas de pós-graduação, escolhidos por critérios acadêmicos técnicos, rigorosos e bem estabelecidos, ficarão sem financiamento. Podemos perder grande parte dessas pessoas altamente qualificadas, nas quais foram investidos anos de formação e de financiamento. Os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia, grandes projetos prioritários e de impacto, sofrerão sem os pós-doutores que lhes foram prometidos.

Medidas implementadas de supetão e sem avaliação de impacto instauram uma situação de crise no Sistema Nacional de Pós-Graduação e de Pesquisa.

A economia obtida pelo corte desses recursos é insignificante, se comparada a outros gastos do governo. As medidas apenas demonstram a falta de importância dada pelo governo federal à educação, ciência e tecnologia. Um patrimônio nacional construído ao longo de décadas pelos cientistas brasileiros e que representa uma conquista para toda a sociedade está fortemente ameaçado. É necessário que a sociedade brasileira reaja firmemente a essa política de desmonte.

Sociedade Brasileira de Física

Sociedade Brasileira de Física

A Sociedade Brasileira de Física (SBF) é uma associação civil constituída por físicos do Brasil e associada à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Fundada em 14 de julho de 1966, a SBF é sediada na cidade de São Paulo. Seu primeiro presidente foi Oscar Sala.