Traduzido por Julio Batista
Original de Victor Tangermann para o Futurism
Cientistas testaram uma vacina especial destinada a ajudar o corpo a enfrentar o câncer cerebral pela primeira vez em humanos.
Conforme detalhado em um novo paper publicado pela revista Nature, a equipe de pesquisadores do Centro Alemão de Pesquisa do Câncer (DFKZ) criou uma versão inicial de uma vacina que poderia desencadear uma resposta imunológica dentro dos tecidos tumorais cerebrais.
Alguns tumores cerebrais geralmente incuráveis, chamados de gliomas difusos, podem se espalhar por todo o cérebro, tornando-os quase impossíveis de serem removidos. Eles também muitas vezes não respondem de forma eficaz à quimio e radioterapia.
Mas eles podem ter uma fraqueza: uma mutação genética única. Um erro no DNA faz com que uma proteína especial seja trocada na enzima IDH1, uma estrutura de proteína conhecida como neoepítopo. O sistema imunológico é capaz de reconhecer essa proteína como estranha, e ela também não ocorre em tecidos saudáveis, tornando-a o alvo perfeito para o tratamento.
“Nossa ideia era ajudar o sistema imunológico dos pacientes e usar uma vacina como uma forma direcionada de alertá-lo para o neoepítopo específico do tumor”, disse o diretor do estudo Michael Platten, da DFKZ, em um comunicado.
A nova pesquisa se baseia em esforços anteriores para criar uma versão artificial do segmento IDH1 responsável pela mutação. Em 2019, a versão foi capaz de interromper o crescimento de células cancerosas com mutação do IDH1 em camundongos.
Agora, a mesma equipe espera que o mesmo tratamento funcione como parte de seus primeiros testes clínicos de fase 1 em humanos, envolvendo 33 pacientes com câncer em toda a Alemanha.
Felizmente, nenhum efeito colateral foi registrado nos pacientes vacinados. Cerca de 93% dos pacientes apresentaram resposta às vacinas e 84% dos pacientes que foram totalmente vacinados sobreviveram três anos após o tratamento.
“Também fomos capazes de demonstrar que as células imunes ativadas específicas da mutação invadiram o tecido tumoral cerebral”, disse Theresa Bunse, também do DKFZ.
Embora a vacina pareça ter funcionado muito bem, ainda é impossível dizer quão bem.
“Não podemos tirar mais conclusões sobre a eficácia da vacina a partir deste estudo inicial sem um grupo de controle”, disse Platten. “A segurança e a imunogenicidade da vacina foram tão convincentes que continuaremos a provar o conceito da vacina em um estudo de fase I adicional”.
No próximo ensaio, a equipe está planejando combinar a vacina de IDH1 existente com um tratamento chamado “imunoterapia com inibidores dos pontos de controle”. Em termos simples, os pontos de controle imunológicos são ativados quando as proteínas se ligam às células tumorais e garantem que as células saudáveis não sejam destruídas junto com as células cancerosas.