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Lisa Gherardini: a face enigmática por trás do sorriso de Mona Lisa

Por Justin Jones e Patricia Chadwick
Publicado no Daily Beast e no History’s Women

Se há um sorriso que você certamente reconhece, é aquele portado por Mona Lisa. Ela sorri maliciosamente ao lado de canecas de café, camisetas, cartões postais e livros em todo o mundo. Ela também é uma das mulheres mais debatidas, teorizadas e discutidas na história da arte. Quem era ela? Qual era sua relação com seu famoso documentarista Leonardo da Vinci? E o mais importante, o que está por trás desse sorriso enigmático?

A descoberta do século

Uma descoberta feita em 2005 colocou séculos de especulação de lado. Um especialista da Biblioteca da Universidade de Heidelberg descobriu uma nota na margem de um livro de registros que revelava a possível identidade de Mona Lisa. A nota, datada de 1503, afirmava que Leonardo da Vinci estava de fato trabalhando em um retrato de Lisa Gherardini del Giocondo, uma bela mulher de Florença, durante a época da criação de Mona Lisa, permitindo ligar a data à obra de arte com exatidão.

A mulher por trás do quadro

Nascida em 1479, Lisa habitou a Florença renascentista, durante uma época em que as histórias de vendetas e decapitações corriam soltas na cidade italiana, enquanto governantes ricos como os Médici lutavam para manter o controle. Seu sobrenome de solteira, Gherardini, era de uma antiga e nobre família de forentines, embora ela tenha nascido em Nápoles, onde viveu quando menina.

Um sorriso enigmático

Aos 15 anos, a jovem florentina se casou com Francesco del Giocondo, um rico comerciante de seda com quase o dobro de sua idade. Seu pai passou por tempos difíceis e não conseguiu estabelecer um dote quando ela nasceu – algo arriscado naquela época, já que as mulheres sem dotes eram consideradas impróprias para o casamento e geralmente acabavam em conventos. A aparência era a melhor chance da jovem Lisa de obter uma vida confortável. Algo no sorriso de Lisa despertou o desejo de Francesco, e ele começou a persegui-la com persistência. Um acordo foi fechado entre o pai de Lisa e Francesco: ele se casaria com a jovem em troca de um pedaço das terras da família Gherardini.

O início de um laço

Foi provavelmente no primeiro ano de seu casamento que Lisa conheceu Leonardo e iniciou uma amizade que se transformou em uma afeição platônica sobre a qual muitos escritores teceram o encanto do romance. Fisicamente, moral e intelectualmente, Mona Lisa atraiu Leonardo como nenhuma outra mulher jamais fizera; ele a pintou repetidas vezes, e a forma como ela influenciou poderosamente seu trabalho é evidente, pois todas as suas principais pinturas reproduzem algo de sua personalidade.

O descanso de La Gioconda 

Depois de adoecer na casa dos 60 anos, Gherardini passou seus últimos anos no convento (que muitas vezes abrigava os doentes) e morreu em 14 de julho de 1542. Ela morreu na obscuridade. A obra-prima inacabada, Mona Lisa – ou Madame Lisa – não a tornaria um ícone até séculos após sua morte.

Nas paredes da realeza 

Em 1516, Leonardo da Vinci foi para a França, para a corte de Francisco I, que o acolheu cordialmente e o encheu de honras. O artista trouxe consigo o retrato, Mona Lisa, pelo qual o rei lhe pagou £ 4.000, uma quantia imensa naquela época. Três anos depois, Leonardo morreu, enquanto sua famosa Mona Lisa permaneceu em Fontainebleau por mais de um século, até que Luís XIV a levou para Versalhes. Depois da Revolução Francesa, a pintura encontrou o seu último descanso nas paredes do Louvre. Napoleão amou tanto a pintura que a tirou do museu em 1800 para pendurar em seu quarto, mas a devolveu em 1804.

Uma obra imortal

Em 1910, o mundo artístico ficou chocado com a notícia de que Mona Lisa havia sido roubada, mas após um desaparecimento de vários meses, foi misteriosamente devolvida, e agora está pendurada como antigamente, um dos principais ornamentos do Louvre e uma das pinturas mais preciosas da França. Hoje em dia, empoleirada no alto de uma sala do Louvre atrás de um vidro à prova de balas, Mona Lisa é a pintura mais valorizada do mundo e seu sorriso enigmático atrai milhões de visitantes ao museu a cada ano.

Ruan Bitencourt Silva

Ruan Bitencourt Silva