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Nietzsche e a Ciência

Publicado na Nature

Review do artigo “Nietzsche y la Ciencia”, indexado na extinta revista Minerva de Filosofia, publicado no dia 01 de setembro de 1945.

Mario Bunge (Revista Continental de Filosofia, 2, nº 4, novembro – dezembro de 1944) escreveu uma perspectiva útil da atitude de Friedrich Nietzsche em relação à ciência.

As principais ideias de Nietzsche são tanto anticientíficas como antirracionais. Sua própria confissão de que “sei muito pouco sobre os resultados da ciência” era bastante desnecessária, porque a puerilidade de suas opiniões sobre diferentes ciências era evidente.

Além de sua grande influência no pensamento contemporâneo – que nem sempre é reconhecida -, ele foi um produto típico da decadência da cultura europeia e, em geral, da decadência da filosofia que se originou com o positivismo e culminou no anti-intelectualismo moderno. Por isso, diz Bunge, podemos dizer que Nietzsche não é apenas o precursor direto, mas também em grande parte o expoente característico da chamada filosofia moderna.

Ele tentou destruir padrões de valores e criar outros, e não escondeu o fato de que aqueles que ele desejava destruir eram culturais – os científicos, filosóficos, éticos, estéticos, religiosos, etc. e, acima de tudo, os valores políticos e sociais que obstruíam a classe junker.

Sua atitude em relação aos interesses culturais é vista em sua resposta à pergunta, “O que é ciência?”, e toda a epistemologia de Nietzsche é resumida nessa resposta: “É a experiência dos homens por seus instintos e o instinto de conhecer seus instintos”.

O summum bonum é a vida instintiva, não apenas uma existência animal, mas a manifestação livre do desejo de dominação; não o anseio por uma alegria silenciosa, mas o perigo da ação, a luta e, com isso, o domínio.

Nietzsche não tinha desejo pela ciência, mas por conhecimento; embora não seja um conhecimento do tipo contemplativo, mas um conhecimento ativo e autoritário.

Suas ideias não constituem um sistema filosófico, mas uma visão vaga e obscura do mundo muito mais adequada a um demonólogo do que a um filósofo que busca a verdade. Em resumo, pode-se dizer que sua atitude em relação à ciência é, em geral, negativa; e quando não é isso, é algo muito pior – uma pretensão contida, mas brutal e também pragmática no pior sentido, ou seja, a da prostituição da ciência como sacerdotisa de Moloch.

Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira

Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira

Divulgador Científico há mais de 10 anos. Fundador do Universo Racionalista. Consultor em Segurança da Informação e Penetration Tester. Pós-Graduado em Computação Forense, Cybersecurity, Ethical Hacking e Full Stack Java Developer. Endereço do LinkedIn e do meu site pessoal.