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O que aconteceria se a Terra parasse de girar?

A Terra está girando. Sim, isso parece meio óbvio, mas só para dar uma noção, se você estiver no equador do nosso planeta nesse exato momento, em um dia você viajaria 40.070 quilômetros a incríveis 1.674 km/h – tudo isso devido apenas à rotação da Terra.

Mas nós não sentimos esse movimento porque todos estamos nos movendo junto com a Terra, na mesma velocidade. Por esse motivo, não há aceleração resultante e nós não conseguimos perceber movimento se não houver aceleração resultante.

A mesma coisa acontece em um avião ou um ônibus. Se você já viajou com um dos dois enquanto eles estavam com velocidade constante, você não é jogado para trás o tempo todo e consegue até mesmo andar!

Mas como isso tudo é muito calmo e pacífico, vamos nos concentrar em um cenário hipotético: o que aconteceria se a Terra parasse de girar?

Cenário 1: A Terra para aos poucos

De todos os possíveis cenários, esse é o melhor. Se a Terra parar de girar aos poucos, não seremos jogados no sentido de rotação da Terra com a mesma velocidade que ela tinha antes de cessar a sua rotação. Algumas coisas interessantes aconteceriam:

A Terra não é perfeitamente redonda!

A Terra não é perfeitamente redonda. Por causa da rotação, a região equatorial da Terra é empurrada para fora, por causa de uma força inercial conhecida como força centrífuga. A força centrífuga só existe quando estamos lidando com um referencial acelerado, que é o caso de qualquer coisa em um planeta girando.

Por esse motivo, o equador do nosso planeta possui um raio maior do que os pólos – 21.4 km para ser exato. Assim que a rotação parasse, a força centrífuga desapareceria e a Terra aos poucos voltaria para um formato um pouco mais próximo de uma esfera (que ainda não seria perfeita).

Os oceanos sairiam do Equador e iriam para os polos

Se a Terra que é quase sólida seria remodelada simplesmente por parar de girar, os oceanos, que são ainda mais maleáveis, também mudariam. Atualmente o nível dos oceanos é 8km mais alto no Equador do que em relação aos polos. Sem a força centrífuga para continuar “puxando” eles para fora, eles iriam se realocar até onde os níveis de água ficariam iguais ao redor do planeta. Para onde eles iriam? Para o polos.

Conforme os oceanos fossem indo em direção aos polos, novas porções de Terra emergiriam no Equador. Ao final do processo, o Equador viraria um novo supercontinente que separaria os dois novos oceanos da Terra: o Oceano Polar Norte e o Oceano Polar Sul.

Cenário 2: A Terra para de girar do nada

Nesse cenário, a destruição é quase total. Ao menos para nós, humanos.

Você seria jogado contra as paredes à 1674,4 km/h

Levando em conta que a Terra parasse de girar do nada, todos nós, que estamos nos movendo agora na mesma velocidade da Terra, continuaríamos a viajar com a mesma velocidade. Isso é, nós seríamos jogados à 1674,4 km/h se estivéssemos no Equador.

Se você estivesse dentro de um ambiente fechado, eu tenho péssimas notícias. Ser jogado contra uma parede nessa velocidade não é exatamente a coisa mais agradável a se fazer.

Ventos 6 vezes mais fortes que um furacão de categoria 5

Assim como nós, a atmosfera da Terra também continuaria a se mover com a mesma velocidade da rotação da Terra. Isso causaria ventos até 6 vezes mais fortes do que furacões de categoria 5.

Esses ventos limpariam e nivelariam os continentes, levando consigo todas as construções que nós fizemos até hoje. Na verdade, esses ventos estariam tão rápidos que fariam os objetos parados em relação a eles quebrarem a barreira do som. Isso geraria um estrondoso barulho (caso alguém estivesse vivo para ouvir).

Terremotos e os maiores tsunamis já registrados

Além de nós e da atmosfera, os oceanos e a própria crosta terrestre também continuariam se movendo.

No caso da crosta, isso geraria fissuras e pontos de tensão, o que causaria grandes derramamentos de magma e os maiores terremotos já vistos.

Já os oceanos continuariam a se mover a 1674,4 km/h no equador, gerando a maior onda e o maior tsunami já registrados na história. Só tem um problema: ele seria supersônico.

Esse texto foi baseado em um vídeo do canal Ciência Todo Dia. Não esqueça de assistir ao vídeo porque a Terra parar de girar teria ainda mais consequências!

Pedro Loos

Pedro Loos

Graduando em física pela Universidade Federal de Santa Catarina, criador do Ciência Todo Dia. Apaixonado por astrobiologia, astronomia e ciências planetárias.