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Vídeo ‘inacreditável’ mostra duas abelhas trabalhando juntas para abrir uma garrafa de refrigerante

Por Carly Cassella
Publicado na ScienceAlert

Embora todos reconheçamos as abelhas por sua importância em nossa cadeia alimentar como polinizadores, as criaturas inteligentes têm uma série de outros talentos, incluindo habilidade matemática, reconhecimento facial e até mesmo uso de ferramentas.

Um novo vídeo, postado originalmente no Twitter, mostra um par de abelhas aparentemente abrindo a tampa laranja de uma Fanta para alcançar o líquido açucarado de dentro. Na era atual dos truques digitais, devemos estar cientes de que isso pode ser um CGI inteligente; ou, talvez as abelhas realmente tenham trabalhado juntas, mas simplesmente abriram uma tampa de garrafa já frouxa.

De qualquer forma, é divertido pensar se as abelhas teriam habilidade para realizar esse furto de refrigerantes.

Segundo o ViralHog, o licenciador do vídeo que adquiriu as filmagens, o momento foi captado em São Paulo por um trabalhador em seu horário de almoço.

“Ganhei um refrigerante de um cliente, mas logo as abelhas o roubaram”, escreveu a pessoa na legenda do vídeo.

A habilidade precisa com que essas duas abelhas parecem torcer a tampa de uma garrafa de refrigerante tem confundido muitos na internet, alguns se perguntando como tal inteligência existe em um cérebro tão pequeno.

O usuário do Twitter Jeffrey Marlowe comentou:

Que tipo de inteligência existe em um cérebro tão minúsculo? Como elas sabem que deve ser girado no sentido anti-horário?

Já o outro usuário Brian B. ficou perplexo:

Eu não teria acreditado se não tivesse visto e ainda não tenho certeza se acredito!

Como aprendemos nos últimos anos, entretanto, o tamanho da cabeça de um animal não é tudo. Por um lado, animais minúsculos têm muito menos massa corporal para as células cerebrais trabalhar, então, naturalmente, precisarão de cérebros menores. Além disso, a complexidade das conexões entre os neurônios pode ser mais importante para o desempenho cognitivo.

Em 1962, uma década antes de ganhar o Prêmio Nobel para sua pesquisa sobre a comunicação das abelhas, Karl von Frisch atestou que as abelhas tinham cérebros pequenos demais para pensar, atribuindo sua natureza engenhosa a um instinto embutido. Desde então, a questão de quanto o cérebro de uma abelha pode gerenciar foi testada repetidamente.

Apesar de ter o cérebro do mesmo tamanho de uma semente de grama, cerca de 0,0002% do tamanho do nosso, as abelhas se mostraram surpreendentemente inteligentes em pesquisas recentes. Esses insetos não apenas podem aprender uns com os outros e usar ferramentas, mas também podem contar até zero e realizar equações matemáticas básicas.

A questão é: como uma minúscula calculadora do tamanho de uma semente transformaria suas habilidades de resolução de problemas em algo tão complexo quanto remover a tampa de uma garrafa de refrigerante?

Claramente, o preconceito de von Frisch por cérebros grandes ainda persiste hoje. Enquanto o zoólogo admitia que as abelhas podiam “realizar façanhas intelectuais surpreendentes”, ele afirmava que elas faziam isso apenas por instinto, falhando “quando de repente confrontadas com tarefas desconhecidas”.

Abrir a tampa de uma bebida açucarada dificilmente é uma tarefa que as abelhas desenvolveram para lidar com algo na natureza, então von Frisch ficaria cético. É possível que as abelhas apenas tenham tido sorte desta vez, detectando uma doce recompensa que as fizeram testar cegamente um meio de chegar até ela.

Por outro lado, a natureza ainda pode nos surpreender. No cérebro compactado da abelha, por exemplo, uma única célula nervosa às vezes pode entrar em contato com até 100.000 outras células.

Em pesquisas recentes, zangões foram treinados para rolar uma bola para o gol e ganhar uma recompensa. Para pontuar, os insetos precisavam copiar os movimentos uns dos outros e aprender com seus erros, o que eles eram capazes de fazer com uma facilidade surpreendente.

“Tal ‘uso de ferramenta’ outrora foi atribuído apenas aos humanos, mas depois aos primatas, junto aos mamíferos marinhos e, posteriormente, aos pássaros”, escreveram pesquisadores em 2017

“Agora reconhecemos que muitas espécies têm a capacidade de imaginar como um determinado objeto pode ser usado para atingir um fim”.

Mesmo com seu pequeno circuito de neurônios, as abelhas podem muito bem ser capazes de muito mais do que pensávamos. Da próxima vez que você se deliciar com um almoço ao ar livre, fique de olho na sua bebida.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.