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Os elos do movimento da medicina alternativa

Por Wallace Sampson
Publicado na Quackwatch

Os repórteres nos perguntam, “Quais são as razões para a popularidade da ‘medicina alternativa’ (‘MA’ ou ‘MAC’ para ‘medicina alternativa e complementar’)? Por que agora?”

A pergunta é desafiadora, a busca por respostas é torturante e as respostas difíceis de se fundamentar. Embora a tentação para responder seja irresistível. Como em uma corrente, nenhum fator isolado pode explicar o fenômeno todo. Alguns fatores são mais importantes que outros, alguns são antecedentes, outros são mais diretos e recentes, e alguns se alimentam de outros então combinam com seus antecedentes que mais uma vez operam atualmente.

Sistemas antecedentes e predisponentes

Há uma série de influências políticas e psicológicas predisponentes. Na América do Norte, essas influências incluem uma desconfiança do governo, políticos, intelectuais, elitistas, profissionais e outras autoridades. Outros fatores são desregulamentação, perda de poder das agências governamentais, aumento das indenizações judiciais por danos e medicina na Internet do tipo faça você mesmo.

Na Alemanha, talvez um fator chave seja o sentimento de unidade com a Natureza (Naturphilosophie) necessário para que a ação seja completa e satisfatória. Adicione um pouco da homeopatia de Hahnemann, da medicina antroposófica de Steiner e algumas lendas místicas. Na Inglaterra, talvez seja a tolerância para com o único, excêntrico e bizarro. Na Ásia, é o senso de tradição e parceria de espiritualidade e cosmologia com todas as fases da vida.

Os norte-americanos estão encantados com uma miscelânea de culturas populares de países europeus, misturada ao longo dos séculos dezoito e dezenove em uma nova marca. Thomson, Kellogg, Post, Graham e Mary Baker Eddy os interpretaram e recombinaram e os passaram através de D. D. Palmer para Jack Lalanne, Andrew Weil e Larry Dossey.

A medicina técnica, científica e profissional tem cerca de 100 anos. Separamo-nos lentamente dos métodos da cultura popular que se sustentam na consciência comum. Refletimos e repetimos as ideias exóticas e hábitos irritantes de nossos pais. Um dos remanescentes de minha família era que a febre vinha de toxinas produzidas no cólon – uma noção familiar aos estudiosos da virada do século vinte como uma das premissas básicas de Kellogg, a putrefação. Resultou em temerosos e torturantes enemas, uma punição por ter ficado doente.

Então, há costumes como se vestir de gordura animal ao redor do tronco e que a água cura (lavagens e ritos de purificação religiosa para expulsar espíritos ruins que habitam lugares quentes). Eles apelam para aqueles que querem explorar o passado, na esperança de encontrar respostas para todos os mistérios, então os proclamam para o público não desperto. Essas tendências ocultas emocionais e espirituais de necessidade são determinantes fortes de comportamento, dizem os historiadores e psicólogos. Tendemos a concordar.

Relativismo cultural

Se é uma força oculta ou impulsionadora (um argumento podia ser feito para um dos dois), a essência de todos esses encadeamentos parece levar a uma perda dos padrões de reflexão e ação, e um descaso para com a disciplina intelectual.

O relativismo cultural nasceu no início do século XX, na inocência da imparcialidade e objetividade acadêmica. Sua intenção era omitir preconceito e emoção na investigação de outras culturas. Anteriormente apenas se podia ler descrições xenofóbicas e arrogantes de outras culturas, mesmo de nossas próprias subculturas. Observadores utilizavam termos pejorativos como exótico, atrasado, primitivo, pagão, selvagem. O relativismo elevou a antropologia cultural da emotividade tendenciosa de superculturas e super raças a compreensões realistas, livres de julgamento, academicamente produtivas. Permitiu uma apreciação da diversidade saudável da evolução cultural humana.

Porém, o relativismo cultural começou a ser aplicado de maneira inapropriada, como utilizar uma chave de fenda para arrancar um prego. O relativismo foi aplicado aos sistemas médicos como se eles meramente refletissem diferenças culturais ao invés de serem abordagens que eram mais ou menos úteis para melhorar a saúde e aumentar a longevidade. Descrição livre de julgamento do sistema substituiu o valor objetivo do sistema para a saúde. Em esquemas relativistas, o número de dias da doença, números e tamanhos de epidemias, taxas de mortalidade, riscos de vida, taxas de cura, miséria e dor são todos ignorados. A medida de um sistema médico se tornou o quanto ele contribuiu para o funcionamento e coesão da cultura.

Essa desconexão persiste apesar dos dados científicos sobre os benefícios objetivos óbvios da biomedicina moderna. Remédios tradicionais inúteis e prejudiciais são racionalizados como sendo apenas “diferentes”, “alternativos”, “tradicionais”, “heterodoxo”. Acupuntura, por exemplo, é racionalizada dizendo “se tem funcionado por três mil de anos, deve haver alguma coisa”. Porém, “funcionado” nunca é quantitativamente definido. É claro, o mesmo podia ser dito para órgãos de tigres utilizados para potência masculina. Dizimação de espécies animais selvagens por efeitos imaginados de seus órgãos com certeza entra na equação de benefício percebido. Relativismo cultural resulta nessa peculiar cegueira às consequências desfavoráveis da cultura popular em favor de descrição “sem julgamento”. Na American Association for the Advancement of Science em 1979, sociólogos patrocinaram uma conferência sobre laetrile, um remédio fraudulento para o câncer. Passados criminosos dos promotores e as impossibilidades bioquímicas do laetrile foram amenizados; nenhum médico, bioquímico ou farmacologista foi sequer convidado para falar. Um sociólogo comentou uma crítica a um dos presentes, “… o trabalho [crítico] do [Prof.] Rich é o mais difícil de considerar devido ao viés que observo… Seu ponto de vista é tão válido quanto o meu, então apresento esses pensamentos como uma visão alternativa a considerar… Qualquer análise do laetrile deve trazer algum viés; mesmo a neutralidade é um viés… Qualquer viés fará tanto quanto qualquer outro… Ele deveria considerar o grau para o qual suas percepções e conclusões dependem de seu viés particular ao invés de um ‘fato objetivo'”.

Recebi um tratamento bastante semelhante em 1976 do departamento de sociologia de uma grande universidade quando apresentei as características semelhantes a culto da comunidade do laetrile e pedi ajuda para investigá-la. Os sociólogos acharam que havia pouca diferença entre a sociedade de cientistas da área médica e a sociedade dos defensores do laetrile.

Através dos olhos relativistas, sem julgamentos dos sociólogos que se dedicam a área médica, mesmo esquemas médicos e cultos fraudulentos são vistos meramente como diferenças culturais. Opiniões educadas de observadores se tornam vieses, se eles descrevem violação de leis da física, química, e farmacologia ou leis da terra.

Pós-modernismo

O derivado desse relativismo é a visão pós-moderna exemplificada por Michel Foucault, Jacques Derrida, Sandra Harding, Paul Feyerabend e filósofos da ciência. Eles veem a ciência e o conhecimento como construções meramente sociais, relativas a visão do indivíduo ou da sociedade em que o conhecimento é criado.

Algumas versões do pós-modernismo negam a existência de um mundo ou universo externo (ou doença ou tratamento) que possa ser mensurado objetivamente e sobre o qual se possa tomar uma ação racional. O resultado dessa posição é a dissolução da mensuração – um mundo destituído de fatos e julgamentos. Boa parte da comunidade acadêmica de ciências humanas e ciências sociais tem se dedicado a essa visão por várias décadas. Duas gerações de estudantes têm sido educadas nessa visão, ocupando lugares na comunidade legal como advogados e juízes, políticos e legisladores, e na mídia como repórteres, editores e produtores. Administradores de agências fomentadoras – tanto públicas como privadas – estabelecidos em princípios relativistas/construtivistas, determinam onde e para quem os fundos de pesquisa vão. Antes de fazer um pedido de financiamento ao NIH para estudar os efeitos de práticas médicas tradicionais sobre a complacência à quimioterapia, fui avisado por um membro da equipe para omitir a palavra ‘complacência’ se eu quisesse ser financiado.

Editores e membros de equipe de periódicos profissionais são afetados pela condescendência exagerada. Cursos em “MAC” são ensinados na maioria das escolas médicas sem crítica ou avaliação da validade. “Toque terapêutico” não é apenas tolerado, como também ensinado em escolas de enfermagem.

Dinheiro

Sempre houve uma orla de curandeiros, querendo ser doutores, dispostos a distribuir informação por um preço ou apenas para a autossatisfação de se parecer com cientistas e médicos de verdade. Sua aparente razão de existência é de fornecer métodos rejeitados pela biomedicina científica. Outros fazem e vendem produtos com efeitos discutíveis ou ausentes, competindo com produtos farmacêuticos eficazes. Todos têm prosperado em persuadir uma minoria do público que agora tem a crença firme no poder de suplementos, antioxidantes, combustível atlético, alimento cerebral e dietas especiais. As vendas nas livrarias de livros sobre saúde, nutrição e medicina são altas e as prateleiras de revistas estão lotadas. A competição por espaço é feroz. Sempre houve um bom campo junto as fronteiras da medicina.

Porém, agora os que querem ser estão dando mordidas de tubarão na medicina. Eles têm técnicas perfeitas de vendas, propaganda, manobras legais e contribuição política e têm alcançado níveis significativos de influência. A indústria dos suplementos, é claro, influenciou o deputado Bill Richardson e o senador Orrin Hatch, que escreveram o Dietary Supplement Health and Education Act de 1994. A lei liberou o comércio de suplementos e removeu o controle preemptivo do Food and Drug Administration (FDA) sobre produtos inseguros. Companhias agora comercializam produtos sem prova de eficácia e enchem o mercado com ervas e suplementos não padronizados, e que algumas vezes são tóxicos.

A quiropaxia organizada e outras associações ocupacionais repetidamente procuram aumentar o escopo da prática, alegando ser capazes de diagnosticar e tratar como médicos. Contribuições políticas de associações de profissionais das margens da medicina regularmente readaptam as legislaturas.

Fundações privadas custeiam muitas atividades da “MA” e podem ser a maior fonte de financiamento da “MA”. Os 300 milhões de dólares que a Fetzer Foundation financiou a série de TV PBS de Bill Moyers Cancer and the Mind e o estudo de Eisenberg de “MA” do New England Journal of Medicine. Ainda financia o Beth Israel/Harvard e outros cursos médicos, cursos de educação médica de pós-graduação, departamentos e projetos de pesquisa. A Laing Foundation (US$1 milhão) financiou o programa de acupuntura (dor) e outras atividades da University of Maryland. A Rosenthal Foundation financia o programa de “MA” da Columbia University com pelo menos US$750.000. A Templeton Foundation dá prêmios anuais, fundos de pesquisa e apoia outras organizações sem fins lucrativos em milhões de dólares em apoio a espiritualidade e a religião na medicina. Dez milhões de dólares foram para University of California esse ano da Osher Foundation para um serviço de “medicina alternativa”. Doações estão em centenas de milhões de dólares, com fundos anuais excedendo os 14-20 milhões por ano do Federal Office of Alternative Medicine.

Essas fundações são produtos de empresários ricos com ideologias privadas que gostariam de ver adotadas pela sociedade. Financeiramente prejudicadas universidades e escolas médicas aceitam esses fundos sob condições não aceitáveis uma década atrás. Alguns anos atrás, a Yale University recusou uma contribuição de um doador conservador em terrenos ideológicos e foi aclamada pela comunidade acadêmica.

Propaganda e distorção de linguagem

Vemos agora um novo uso de uma antiga ferramenta utilizada por especialistas na manipulação da mente do público. Mesmo as palavras “holístico”, “alternativa”, “complementar”, “não convencional” e “heterodoxo” são eufemismos inventados com a intenção de iludir. Eles são termos benignos cobrindo um vasto arranjo de práticas – a maioria não aprovada, dúbia, invalidada, absurda e fraudulenta. Qualquer político sabe que se deve encontrar um inimigo, mesmo que insignificante, para vencer eleições. O termo “corta, queima e envenena” foi inventado por defensores do laetrile para humilhar a medicina oncológica ética, e funcionou e atrapalhou.

Em uma estranha virada da corrente, historiadores sociólogos construtivistas da medicina em um periódico de “medicina alternativa” já viraram a mesa sobre nossa análise de distorção de linguagem e acusaram o uso de termos sensatos como charlatanismo, embuste e fraude por parte dos cientistas racionalistas, de ser meramente prejudiciais e preconceituosos. Eles clamam por termos mais neutros para descrever métodos absurdos como a homeopatia. Assim os elos do construtivismo e da propaganda se complementam na corrente.

Deturpação de resultados de pesquisa

No curso de uma ação legal, tive oportunidade de revisar os principais trabalhos que os homeopatas alegam como positivos. Apresentamos algumas analises desses trabalhos no AAAS em 1997, na Skeptical Inquirer (verão de 1997) e em outros periódicos. A maioria dos relatos que alegava resultados positivos mostrou defeitos graves incluindo argumentos finais selecionados, análises de dados agregados como se eles fossem homogêneos, intervalos de confiança extraordinariamente grandes com significância mínima, relatos selecionados de diferenças em curvas registradas, erros de cálculos e de registro de dados, omissões de controle e outros dados objetivos, e combinação de categorias diferentes de doenças em meta-análises. O por quê dos revisores [peer review] não terem percebido esses erros é inexplicável. Para tornar as coisas piores, outra meta-análise que apareceu no Lancet no Outono de 1997 registrou os resultados de estudos da homeopatia em valor de aparência, apesar das falhas dos trabalhos. A meta-análise é agora uma referência para a alegação de que a homeopatia não pode ser inteiramente explicada por ação placebo.

Imprecisões em “MAC” uma vez relatadas como fato na literatura médica, ficarão lá para posteridade. Mesmo Hillary Clinton citou o estudo seriamente defeituoso de Byrd sobre prece intercessora na unidade coronariana como evidência para eficácia da espiritualidade.

Formação ruim

Bons médicos sabem quem são os outros bons médicos. Um dos fatores mais obscuros, secretos e pouco mencionado na controvérsia “MA” é que os defensores da “MA” não estão no alto do ranking dos bons médicos. Muitos ou a maioria estão provavelmente nas posições mais baixas dos rankings de qualidade.

Embora isso seja terreno perigoso por causa da falta de dados, claramente há algo de errado com o julgamento de médicos que defendem firmemente métodos impelidos ideologicamente que carecem de validade. Muitos deles têm sido disciplinados por comitês médicos. O público normalmente tem pouca percepção da qualidade dos médicos e há pouca evidência de que a publicação de listas dos “melhores médicos” altere o comportamento dos pacientes. A maioria de nós quer que nossos médicos estejam no topo em termos de qualidade, mas aparentemente os consumidores de praticantes aberrantes têm outras agendas em mente.

A imprensa

A imprensa é o maior vetor para a disseminação da “MAC” através de suas reportagens acríticas e deturpadas. Diversas vezes por ano na maioria dos jornais, um repórter novato alegando ceticismo consulta um profissional “alternativo”, frequentemente um acupunturista, e relata que algum agravo crônico melhorou. Não relatado é o fato que ensaios controlados mostram que o método é ineficaz. Tampouco o artigo faz um acompanhamento sobre a frequência ou em quanto os sintomas recorrem no próximo ano ou em cinco. Esses são fatos que a maioria dos médicos deve ter e deve divulgar antes de obter consentimento informado para um procedimento.

Em 3 de julho de 1998, o San Jose Mercury News furou um pequeno artigo do Washington Post sobre uma taxa de 70% de infestação por vários parasitas na China rural, principalmente vermes, resultando em desnutrição, diminuição da inteligência e enfraquecimento geral da força de trabalho. A artigo estava escondido na página DD5. O artigo sobre acupuntura da semana anterior estava na página 1B, completo com foto de meia página. Esse tipo de tratamento editorial é típico.

A imprensa também é frequentemente sensacionalista. Na edição de 16 de agosto de 1998 da revista Parade, apareceu um artigo sobre as maravilhas da acupuntura, incluindo uma sorridente mulher sendo submetida a uma cirurgia torácica com apenas acupuntura de orelha como anestesia. A foto parecia ser uma farsa, assim como a história (cirurgia torácica sem intubação e circulação colateral ou resfriamento?). Esses sensacionalismos – ou variantes deles – são disseminados e a imprensa frequentemente se deixa seduzir por eles.

Então, aonde estão a acupuntura e a moxibustão quando precisamos delas? A infestação por vermes acima aparentemente não responde a “MA”. O fracasso da medicina tradicional chinesa na China e seu uso máximo de 18% lá é um testemunho ao sucesso da moderna biomedicina. Porém, assume-se que isso não interessa ao público; ao menos parece não interessar a imprensa.

O artigo de “MA” típico destaca alguns defensores, mas apresenta a visão científica em dois parágrafos – normalmente no meio ou perto do fim do artigo. (Na televisão, a visão cética ou científica é reduzida a um ou dois segmentos minúsculos. A visão pseudocientífica normalmente fica com a última palavra.) Isso é chamado de reportagem balanceada.

Os repórteres dizem, “Meu trabalho é informar, apresentar ambos os lados e deixar os (leitores, pacientes, etc) fazerem suas próprias cabeças”. Embora o material seja frequentemente falso ou equivocado, os repórteres (como alguns sociólogos) parecem estar respondendo a um chamado maior. É uma pressuposta racionalização para evitar uma responsabilidade social maior.

Poder político

Tradicionalmente, um aspecto peculiar de charlatães tem sido esse: se eles não conseguem provar suas alegações cientificamente, eles utilizam pressão popular e lobby para privilégios especiais em legislaturas. Vinte e sete estados norte-americanos legalizaram o laetrile nos anos 70 e 80. Sete estados aprovaram leis de “acesso ao tratamento médico” (AMT). Isso permitiu que qualquer profissional licenciado praticasse qualquer método dentro do escopo legal da prática – comprovado ou não – em qualquer paciente, providenciando que o “consentimento informado” fosse obtido. Comitês reguladores, medicina organizada e agências de serviço público se opõem a essas leis. (Há alguns anos, o comitê do Texas considerou liberar regulamentações em práticas aberrantes para se sujeitar à políticas semelhantes as leis AMT).

Grupos de pressão da comunidade “MAC” apoiam essas políticas e contribuem com fundos concernentes sua aprovação. A pressão primária para AMT vem de médicos da “terapia de quelação”. (Quelação é uma terapia “alternativa” inútil para o coração e doenças vasculares.) Pressões políticas, não a necessidade pública ou validade científica, estão por detrás do surgimento da quiropraxia, acupuntura e outros métodos.

Um rápido teste da utilidade de uma terapia “alternativa” é perguntar a si mesmo, o que aconteceria se essa terapia não estivesse mais disponível amanhã? Quanto da acupuntura e homeopatia seria esquecido? Quanto aos antineoplastons, terapia imunoaumentativa, laetrile e megavitaminas não supervisionadas? Se o público nunca tivesse ouvido falar deles, a saúde comum não sofreria nada. Por outro lado, como o público estaria sem os antibióticos, raios X, anestesia e as grandes cirurgias?

Credulidade, percepções equivocadas e o desejo em acreditar

Muito é escrito sobre esses traços humanos, talvez muito para se descrever utilmente aqui. Então, recomendamos a leitura de diversos livros e trabalhos de pesquisa crítica. Tente How We Know What Isn’t So de Thomas Gilovich, The Psychology of Anomalous Experience de Graham Reed, How to Think about Weird Things de Theodore Schick Jr. e Lewis Vaughn, qualquer um dos numerosos trabalhos sobre persistência da crença de Lee Ross e outros, Cults in Our Midst de Margaret Singer, The Psychology of Transcendence de Andrew Neher, Deception and Self-Deception de Richard Wiseman, “Memory” e “Eyewitness Testimony” de Elizabeth Loftus, e capítulos de James Alcock e Barry Beyerstein em The Encyclopedia of the Paranormal. Inclua algo de Martin Gardner e James Randi para explorações interessantes de outras excentricidades como curandeiros pela fé.

Assim os elos do movimento da “MA” são complexos e fortes e sempre espreitarão em nossos planos de fundo, mesmo se toda a miséria humana e doenças estivessem a ser conquistadas. Por ora cresce nos interstícios das fragilidades da medicina ética e científica e é fertilizada por falhas imaginadas. O movimento tem avançado de maneira social e política.

De acordo com o Prof. Edzard Ernst da Exeter University, a fascinação com a “MA” atingiu o ponto máximo no Reino Unido e as classes são precariamente atendidas. A Comunidade Europeia está perto de considerar remover muitos métodos inúteis de “MA” das listas de reembolso. O mesmo desencantamento pode ocorrer aqui em alguns anos. Embora possamos aprender com a existência e sucesso social da MA. Podemos estudar percepções equivocadas de eventos e a formação de crenças, aumentar nossa compreensão de movimentos sociais e talvez se incomodar com pequeno âmago de benefícios – mesmo se apenas psicológicos – em alguns métodos.

O desafio aqui é aumentarmos nossas capacidades de observar, medir, registrar, analisar e raciocinar e não permitir que os buracos em nossa peneira da realidade se dilatem até o ponto de termos perdido nosso controle sobre ela.

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